Os domingos aqui são diferentes, não é como o final de um filme, na realidade, todos os dias aqui são diferentes, segunda ou quinta, não tem a mesma cara que tinha quando eu estava em São Paulo, onde o tempo parecia sempre cronometrado, e sem resultados.
Ter que descobrir e sentir falta é o que me mantém vivo. Estar tão longe do lugar onde eu sempre vivi, dos caminhos que eram óbvios e corriqueiros pra mim, e de tudo que estava envolvido nos meus dias, é algo incrível e extraordinário. Acho que apenas quem já viveu algo assim pode entender.
Diferente do primeiro sábado, que foi meio deprê e confuso, ontem eu parecia já ter percepção do quão longe de casa estou, e isso soar agradável. Acordei às nove da manhã, e para minha surpresa um raio de luz atravessava a janela do meu quarto, digamos que caiu como uma luva. Tomei meu café da manhã, e fui andar por Dublin, aliás, como tenho andado por aqui. Em determinado momento passei por uma praça e sentei um pouco, alguns minutos depois um senhor, aparentando uns 60 anos, sentou-se próximo, e acho que ele havia bebido algumas guinness. Ele perguntou se eu tinha um isqueiro, e eu respondi que não, ele fez uma cara de "tudo bem, eu espero alguém que tenha". Então ele quis saber de onde eu era, e quando respondi 'Brasil', ele falou um português com sotaque bem carregado "muitau bom", e disse que sabia algumas palavras em português, mas ele só falou essas duas mesmo rs. Conversamos um pouco, e quase sempre eu pedia para ele repetir, mas acredito que essa dificuldade em conseguir entender o inglês aqui da Irlanda, é extremamente válido, porque o seu ouvido depois fica muito mais apurado quando, por exemplo, você ouvir um norte-americano ou um canadense falando.
As ruas estavam consideravelmente agitadas neste fim de semana, por causa do Halloween, que é muito comemorado aqui. Imagine as noites do terror do Playcenter, e agora imagine essa situação, mas, em quase todas as ruas de uma cidade, bom, é mais ou menos isso, ou fazendo outra relação, é como a final da libertadores no Brasil, muitos fogos e muita gente rua. Particularmente não vejo muita graça nisso, talvez seja porque a coisa toda vá mais para um rumo ao estilo 'festinha de criança', e terror que é bom não há nenhum.
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Preciso de uma bicicleta |
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somewhere far beyond |
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